“O FMI não é uma organização de ajuda para levar Países africanos ao crescimento”
Em entrevistas concedida a Rádio Tocoísta e Tocovisão, por ocasião do Jubileu do Ministério Pastoral da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, assinalado a 28 de Novembro, o Líder Espiritual Santidade Bispo Dom Mayamona, ao falar sobre o contexto sócio político e econômico que a África atravessa, destacou a necessidade de os lideres do continente trabalharem para proporcionarem ao povo uma condição de vida diferente.
“Os nossos presidentes africanos, devem, a partir de agora, pensar um pouco!.. Eu não posso entender que um continente desse maior de todos continentes não ter, de fato, um direcionamento próprio, uma política própria africana, concebida pelos africanos e que, de fato, traça metas” realçou.
Para Sua Santidade, a falta de planificação e o imediatismo levam o continente a não ter políticas de desenvolvimento em longo prazo que sejam vista como políticas Nacionais, “o africano não gosta de fazer planos de 2, 15, 30, 50 anos!.. gosta já, já, já e esse já, já faz com que possamos deixar aquilo que tínhamos que fazer em 5 anos, depois termos, digamos assim, uma consistência, um benefício de 20 anos e corremos naquilo que é o supérfluo, o mais fácil, em endividarmos rapidamente para comprarmos isso, aquilo, e deixamos de semear esse dinheiro para que, depois de 2, 4, 5 anos, pudesse dar lucros para 20 anos”.... “Esta forma de pensar dos africanos é que está a fazer com que a África continue a ser uma presa fácil d´aqueles que vendem dinheiro”.
O Líder Espiritual chamou atenção para as medidas de financiamento a que os lideres africanos recorrem como forma de atender as questões do continente.
Neste particular, Sua Santidade, alerta para a relação do Fundo Monetário Internacional com as economias Africanas.
“O FMI, para mim, não pode ser uma instituição para acompanhar a economia, para acompanhar o crescimento do país”. Afirmou.
“O FMI é um predador, é um vigilante, é um vizinho colocado às economias do mundo, sobretudo as mais fracas, para os controlar como querem crescer, o que querem fazer e impor-lhes medidas que os farão com que não atinjam o nível que querem atingir”. Declarou.
Sua Santidade dá nota de que projectos infraestruturais que levem o continente ao desenvolvimento pleno, como a construção de autoestrada, indústrias transformadoras entre outros, dificilmente merecerão o financiamento de organizações internacionais, “O FMI volto a dizer, se há intelectuais que me entendam e vão entender mais profundo, é que o FMI não é uma organização de ajuda para levar o país ao crescimento, isso não existe! mas sim uma organização americana, bem criada, bem estruturada, para acompanhar economias que querem, sobretudo, os países mais pobres do mundo, como o continente africano, nunca FMI nos dará dinheiro, para fazermos auto-estradas, para construirmos indústrias transformadoras, nunca haverá esse dinheiro”. Apontou.
Sua Santidade chama atenção por outro lado, aos lideres africanos a buscarem formas próprias para impulsionar o crescimento do continente, “Os africanos são imediatistas, não querem passar um pouco de sofrimento, como passamos no tempo das guerras de libertação!... Infelizmente, caindo outra vez nas mãos dos algozes, num sentido mais inteligente, e continua ainda a controlar a nossa economia”.
“Como é possível um país não ter dinheiro que decida sobre o seu próprio destino econômico? Como é possível um país não poder ter, digamos assim, políticas próprias que dependem dele, em termos econômicos? Quando assim é, você está liberto para, de facto, ter as mãos livres para pedir, mas tens até aqui as pernas, digamos assim, no tronco, e não te permite andar, então é preciso lutar, como dizia Isaac a Isaú, é lutar para se libertar, esta é uma cadeia onde nos encontramos, saímos aparentemente da cadeia da colonização direita, mas agora temos esta cadeia da colonização, digamos assim, econômica e financeira”. Aconselhou.
De acordo com o Líder Espiritual, essa libertação total deverá acontecer com homens íntegros e dedicados a causa Africana, “precisará, certamente, de uma luta inteligente, de pessoas íntegras, têm de ser pessoas que deverão estar totalmente entregues à causa africana, como os nacionalistas que lutaram para a libertação da África, falamos de Júlio Nierere, Secuturé, e tantos outros que lutaram de forma intransigente, sem olhar no dinheiro, mas tinham na mente que o nosso povo tem de estar livre, a liberdade que eles procuravam não era simplesmente uma liberdade política, de proclamar a independência, era uma liberdade completa, política, econômica, financeira, religiosa, cultural e linguística”.
Finalmente, a igreja é chamada a Jogar o seu papel no despertar das mentes, porém, conforme faz realçou Sua Santidade, a Igreja deve ser aquela que é temente e obediente a Deus, “a igreja tem uma missão a jogar, temos todos nós uma missão de fato a realizar uma Igreja, digamos assim, que surge não para cumprir propósitos humanos, para cumprir, sim aquilo que é o desejo e o propósito libertador que vem do divino Deus, isso precisa e precisará de gente íntegra, pessoas que têm de estar impregnadas na missão”. Finalizou.
Vale salientar que o Universo Tocoísta celebrou no dia 28 de Novembro os 50 anos do Ministério Pastoral, o jubileu foi marcado com a realização de um seminário metodológico internacional onde participou o Clero da Igreja.