qui, 21 ago 2025
Igreja

Ainda que o Governo seja laico pela acção histórica o tocoismo já deveria ser elevado a Património Nacional. Afirma Líder Espiritual

A margem do ciclo de conferência sobre o 25 de Julho, enquadrada no programa dos 90 anos de encerramento das festas da Teofania, que decorre no ISPT, Sua Santidade, falando a impressa fez um percurso historico do surgimento do tocoismo desde a efusão do Espirito Santo até a aos dias de hoje.

Sua Santidade, destaca que Angola deveria alegrar-se por ter uma Igreja que parte daqui para o mundo, “Quando um país tem uma Igreja própria, uma religião própria, que se ergue no sofrimento, que suporta as dificuldades e se estende pelo mundo, o país que pertence a essa Igreja, ainda que não sejam tocoístas, devem glorificar a Deus, porque, no meio deles, Deus fez, tem feito coisas grandes”,

Por outro lado, o Líder Espiritual, aponta que “quando a Igreja atinge os Estados Unidos da América, então podemos dizer que chegou ao ponto mais alto. Isso valeu a pena a resistência dos cristãos tocoístas, dos velhos, dos jovens, das mulheres, que se entregaram de forma heroica para que a África, a Igreja, digamos, em Angola, tivesse uma Igreja própria”.

A baixo o extrato da entrevista de Sua Santidade.

Estamos a dar início às conferências que vão prosseguir até sábado, e no domingo teremos o culto solene.

Estamos a falar hoje sobre o impacto deste acontecimento que sucedeu há 90 anos atrás, em que Deus desce em forma humana, em Catete, para se encontrar com aquele que anteriormente era jovem, Simão Gonçalves Toco, para que nele colocasse algo, segundo suas palavras, “ei de pôr algo em ti, que nem tu próprio saberás, nem homem nenhum no mundo saberá”.

E esse acto, finalmente, é a sua própria presença na vida, profeta Simão Gonçalves Toco, para que nele habitasse e realizasse a sua obra, a obra libertadora, que depois se transformou em um Líder incontornável, um líder que transformou mentes, que tocou o sino e tocou o sino para todo mundo se despertar do sono, tanto do sono da escravidão satânica, como do sono da escravidão dos europeus, como aconteceu na África.

Falar sobre a história

E por isso que é preciso conversarmos sobre esse acontecimento, o seu impacto que criou e que ainda cria na vida de muitos, para que, como africanos, possamos, então, compreender e interpretar esta presença íntima de Deus, esta forma íntima de Deus contactar e falar com o seu filho, para que, de facto, Angola e África tivessem as independências que hoje estamos a celebrar no país, 50 anos de nossa independência, que o jubileu.

Por isso, a Igreja Tocoísta tem, digamos assim, essa responsabilidade de não se calar, mas de continuar a falar, a publicar os acontecimentos que fizeram parte da nossa caminhada, para que possamos ter força e energias de sermos cidadãos bons na construção, sobretudo, das mentes e do próprio país.

Que desafios é que a Igreja enfrentou ao longo desses anos?

Foram várias, as etapas e vários desafios que temos enfrentado neste caminho. Há 90 anos foram muitos desafios, porque, como sabem, toda boa semente, quando cresce e dá frutos, essa árvore leva sempre pedras.

Nós não fugimos dessa regra, fomos apedrejados várias vezes, fomos acorrentados várias vezes, os tocoístas morreram queimados vivos e enterrados vivos, nas várias partes desse país. Outros desterrados desapareceram, ninguém sabe onde pararam até agora, foram desafios importantes, mas com a força e o poder do Espírito Santo, a Igreja resistiu e continuará certamente a resistir até a vinda de Cristo, para que cumpra com seu papel de uma Igreja despertadora, de uma Igreja que tem uma mensagem libertadora, de uma Igreja que formate as mentes e as consciências dos africanos e do mundo oprimido, para que consigam, então, expandir a luz do Espírito Santo, que liberta o homem de todas as prisões que o mundo coloca à frente.

Resiliência da Igreja

Por isso que aqui, hoje, é um dia que podemos dizer de aleluias, porque a etapa mais difícil passou na nossa história, de perseguições, de mortes, atentados vários, mas que, pela sua graça, hoje a Igreja está no mundo inteiro.

Quando a Igreja atinge os Estados Unidos da América, então podemos dizer que chegou ao ponto mais alto. Isso valeu a pena a resistência dos cristãos tocoístas, dos velhos, dos jovens, das mulheres, que se entregaram de forma heroica para que a África, a Igreja, digamos, em Angola, tivesse uma Igreja própria.

Isso é importante, caríssimos. Quando um país tem uma Igreja própria, uma religião própria, que se ergue no sofrimento, que suporta as dificuldades e se estende pelo mundo, o país que pertence a essa Igreja, ainda que não sejam tocoístas, devem glorificar a Deus, porque, no meio deles, Deus fez, tem feito coisas grandes, porque não foi fácil levantar um tocoísmo no meio de religiões, que se sentiam muito bem, digamos assim, instaladas, e surgiu uma nova forma de pregar a palavra e resistir contra todas essas formas de perseguição, religiosas e estatais, não foi fácil.

Por isso, que os jovens hoje, que já são letrados, universitários, doutores, tocoístas, têm essa responsabilidade de continuar a disseminar essa mensagem, para que um dia o nosso País, o nosso Governo, proclame o tocoísmo como um patrimônio nacional, ainda que não seja um estado confessional, mas que ele tenha como patrimônio nacional, que deve ser, de facto, conservado, preservado, para que ele leve ao mundo essa mensagem que parte de Angola.

Como caracteriza o tocoísmo 90 anos depois?

Hoje a Igreja Tocoísta, como se chama, é uma igreja sólida, uma igreja com uma doutrina muito bem aprumada, com uma hierarquia muito bem estruturada. Hoje a igreja tem uma presença não somente espiritual, mas também física em Angola e no mundo o que demonstra que a trajetória que temos feito tem sido profícua, tem sido uma trajetória feita com muita fé e esperança para que de fato a doutrina pudesse, digamos assim, ganhar o seu espaço nos corações dos homens, mas também tornasse visível esta obra que com muito sacrifício, vou lhe dizer, foi erguida e está sendo erguida para que a nossa religiosidade africana seja vista dentro daquilo que é a religiosidade cristã.

Esse é um elemento muito importante. O tocoísmo é uma Igreja africana de matriz cristã, o que demonstra que ela é africana e usa a Bíblia como livro, palavra de Deus, para que possa levar, digamos, a sua mensagem pelo mundo.

O tocoísmo tornou-se um fenômeno que é estudado nas universidades do mundo. Simão Toko hoje é uma lenda, é um tesouro que muitos universitários fazem hoje suas teses de doutoramento e de mestrado.

Então pensamos que, graças a essa resistência, a essa resiliência, conseguimos hoje chegar onde estamos e certamente daqui a mais algum tempo, mais anos à frente chegaremos lá onde ainda os nossos olhos não conseguiram vislumbrar.

Por isso Angola deve agradecer e enaltecer, ainda que não seja o tocoista, vou-lhe dizer, é bom proteger o tocoísmo como patrimônio deles.

Perspectivas para os próximos anos?

Perspectivas, continuarmos a fazer a nossa obra de evangelização pelo mundo, continuarmos a fazer também aquilo que é a obra visível da nossa fé, sobretudo naquilo que é o projeto da mudança do figurinho da Cidade Santa em Ntaya Maquela do Zombo para a construção desse Mauzuleu que está a levar ainda alguns dias, mas certamente chegará o momento em que vamos começar a sua construção. A portaria de entrada já está terminada, quem passa hoje para ir para a fronteira de Quimbata verá que ali há uma coisa, certamente nascerá algo melhor.

E por isso que temos essa perspectiva, pelo menos agora temos que ainda que seja 40% dos viés da população angolana seja tocoísta, este é uma meta que nós queremos atingir, se o tempo permitir certamente este desejo.

O tocoísmo é um movimento libertador, o tocoísmo é um movimento que desperta, quem está no tocoísmo e não despertar, jamais despertará. Por isso que a nossa mensagem é esta, que, temos que continuar a orar para que, nos próximos tempos, possamos ter uma igreja cada vez mais gloriosa que dignifique o próprio africano no seu todo.