seg, 16 set 2024
Economia

Estado falha venda de hotéis confiscados ao empresário Carlos São Vicente

A maior parte dos hotéis confiscados ao empresário Carlos São Vicente, condenado em primeira instância por peculato, branqueamento de capital e fraude fiscal, ficaram por vender por falta de compradores.

Quatro meses após um leilão electrónico, só foram vendidos quatro dos 39 hotéis das redes UI, IKA e BINA, nas províncias da Huíla, Namibe e Lunda Norte, apesar de o Estado contar encaixar 15 milhões e 900 mil dólares.

A principal dificuldade terá sido os preços demasiado altos para os operadores nacionais.

Os hotéis apreendidos ao empresário São Vicente foram avaliados em 415 milhões de dólares pela Procuradoria-geral da República, e, apesar haver mais de 20 empresas interessadas em comprar, só três concretizaram o negócio.

São elas a Endiama, empresa pública, a Viva Luanda, empresa detida pela Easygest - Economato, Equipamentos e Serviços e pelo expatriado Aminmahomed Ali Mamade Herji, e a Umbiserv, dos angolanos Ricardo Borges e Katyali Mutindi, segundo revelou a VOA.

O presidente da Associação de Hotelaria e Turismo da Huíla, João Lopes, afirmou à VOA que a falta de liquidez pode condicionar o processo.

“Ninguém, neste momento, tem disponibilidade para assumir este compromisso, com os juros bancários nas referências em que estão”, disse João Lopes. “Não vejo viabilidade neste negócio, a não ser que o Estado garanta condições de amortização especiais. Quem tiver liquidez, tudo bem, mas quem for buscar financiamento, não vejo nada com estes juros”, afirmou.

O proprietário da seguradora AAA, Carlos São Vicente, foi condenado a nove anos de prisão efectiva, pelo Tribunal da Comarca de Luanda, e ao pagamento de uma indemnização de 500 milhões de dólares.

As autoridades judiciais ordenaram a apreensão de bens e contas bancárias pertencentes ao empresário, tendo a Procuradoria-Geral da República pedido também o congelamento de contas bancárias.