seg, 16 set 2024
Economia

Governo angolano reconhece dificuldades de financiamento das refinarias

O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos de Angola admitiu esta segunda-feira dificuldades no financiamento das refinarias, mas garantiu que o Governo continua focado no objetivo da autossuficiência em produtos refinados e que os projetos serão levados “a bom porto”.

 

Na primeira edição das “Conversas sem Makas”, iniciativa do jornalista e economista Carlos Rosado de Carvalho, o ministro Diamantino Azevedo apresentou um exaustivo balanço dos seus dois mandatos com as pastas do petróleo e recursos minerais, desde 2017, e considerou que os recursos minerais são “uma bênção, os homens é que os podem transformar numa maldição, de acordo com o uso que lhes derem. O petróleo já deu bastante a esse país”.

O ministro afirmou ainda que Angola deve maximizar a utilização de cada barril de petróleo, “fazendo de forma melhor e diferente”. Diamantino Azevedo deu exemplos de setores que Angola pretende desenvolver, como a refinação, a petroquímica ou os fertilizantes, que podem ser outros usos para o petróleo, principal motor da economia angolana, mas, considerou que, para isso, “é preciso uma estratégia bem definida” e implementar um trabalho que considerou não se esgotar no executivo e envolver também os empresários.

Governo "conseguido captar investimento"

A propósito dos objetivos do Governo de estabilização da produção em torno de 1 milhão de barris por dia, disse que o executivo tem conseguido captar investimento, numa altura em que enfrenta cada vez mais desafios, como a concorrência de outros produtores, inclusive em África, e a transição energética.

“O que temos de fazer é estar mais atentos, trabalhar afincadamente com os investidores, criar um ambiente propício para que mais investimentos surjam (…). É um trabalho contínuo que temos de continuar todos os dias”, declarou.

"Há algumas dificuldades de financiamento"

No que diz respeito às refinarias, além da de Luanda, afirmou que estão em curso outros projetos em Cabinda, Soyo e Lobito e reconheceu que há algumas dificuldades de financiamento.

“Há dificuldades, umas endógenas, outras exógenas, causadas pelo atual contexto internacional, mas estamos aqui para enfrentar os desafios e levar os projetos a bom porto”, frisou.

Além da refinaria de Luanda, que começou a operar na década de 60 e cuja capacidade foi entretanto quadruplicada, o Governo projetou desenvolver uma refinaria no Soyo, entregue ao consórcio norte-americano Quanten, mas que não conseguiu ainda reunir o financiamento necessário.

O Governo tem enfrentado também dificuldades com a refinaria de Cabinda, que foi entregue à Gemcorp, com participação da Sonangol, e teve já várias datas para a inauguração, prevendo-se que no princípio do próximo ano comece de facto a produzir.

Diamantino Azevedo disse que a Sonangol tem “ajudado” no financiamento e chegará o momento em que terá uma conversa com o promotor para rever as condições de participação (atualmente, é de 10%).

Quanto à refinaria do Lobito, a maior, com capacidade para processar 200 mil barris por dia, mas cujas obras foram já diversas vezes interrompidas, pertence atualmente à estatal Sonangol e não resolveu ainda as questões do financiamento.

“Estamos abertos a sócios que queiram ser acionistas e pôr capital”, salientou.

O ministro dos Petróleos disse ainda que o terminal oceânico da Barra do Dande vai estar concluído no segundo semestre deste ano e anunciou a intenção de construir uma fabrica de botijas de gás no complexo, que deve acolher também uma parte do projeto de hidrogénio.

O ministro considerou que o terminal, que vai permitir aumentar a capacidade de armazenagem em 300 metros cúbicos, é essencial para poder implementar a lei da reserva de segurança energética do país, sendo complementado com “pequenas armazenagens nas provincias”.