sex, 18 out 2024
Política

ONU. João Lourenço defende a resolução das guerras e pede a recuperação de ativos desviados pela corrupção

O Presidente angolano afirmou esta terça-feira em Nova Iorque que, em vez de caminharem em direção à paz, os países membros das Nações Unidas parecem estar a afastar-se cada vez mais “dos princípios fundacionais da ONU”.

Angola é um exemplo de como se pode alcançar a paz nos diversos conflitos que assolam o mundo, disse João Lourenço.

Falando na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente afirmou que o país está “a colocar em benefício da paz em África a experiência adquirida por Angola com a resolução do seu conflito interno, que, após várias décadas, ficou resolvido de forma definitiva por via de um diálogo inclusivo entre as partes beligerantes”.

O Presidente angolano explicou os esforços de paz na mediação do conflito na República Democrática do Congo e criticou a “indiferença” internacional perante o conflito no Sudão.  

“Assistimos hoje a uma tentativa de se esvaziar, de se ignorar, ou mesmo substituir o papel e a importância das Nações Unidas na resolução das grandes questões que afligem a humanidade, nomeadamente aquelas que têm a ver com a paz e a segurança universais”, declarou João Lourenço, apelando depois à reforma do Conselho de Segurança da ONU, que, disse, ainda reflete “a realidade do pós (segunda) guerra ,há muito ultrapassada pelo tempo”.

João Lourenço referiu-se também ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial, considerando que as reformas de todas estas instituições são necessárias para dar voz “aos países do sul global”.

Sobre “a guerra da Rússia contra a Ucrânia” onde “não se vislumbra” uma solução militar e onde existe o perigo do conflito alastrar para toda a Europa, defendeu que uma solução negociada deve estar baseada “na observância dos princípios das Nações Unidas que salvaguardem a soberania dos estados, a indivisibilidade e a integridade territorial dos países”.

Sobre o conflito no Médio Oriente, reconheceu o direito de Israel se defender, mas, “por ter responsabilidades de um Estado, tudo deveria fazer para evitar o genocídio a que o mundo assiste na Faixa de Gaza e os ataques dos colonos e a expansão dos colonatos na Cisjordânia”.

Finalmente, João Lourenço falou do combate à corrupção por parte do seu governo e criticou os países que não devolvem o dinheiro onde se encontra o dinheiro desviado pelos corruptos.   

João Lourenço afirmou que esses fundos deveriam ser devolvidos porque aqueles que desviaram bens foram condenados em tribunal e as suas sentenças confirmadas por tribunais de apelação.

“No que diz respeito à recuperação de ativos tivemos dois casos de sucesso em que contámos com a atitude bastante responsável e de respeito pela nossa soberania por parte das autoridades do Reino Unido, que devolveram a Angola 2,5 mil milhões de dólares que estavam num banco em Londres, sendo justo reconhecê-lo publicamente a partir desta tribuna mundial”, ressalvou o Presidente angolano, embora, disse, muitos outros países se recusem a fazer o mesmo.

“Alguns desses países se arrogam mesmo ao direito de questionar a credibilidade dos nossos tribunais, quase que querendo rever as sentenças emitidas pelos mesmos, como se de órgãos de apelação extraterritoriais se tratassem”, acrescentou o Presidente angolano, lembrando que esses fundos poderiam ser usados na construção de infraestruturas como escolas.