sex, 06 jun 2025
Política

CIDADÃOS CONDECORADOS NO QUADRO DOS 50 ANOS DA DIPANDA ENALTECEM GESTO DO CHEFE DE ESTADO

Vários cidadãos condecorados no quadro dos 50 anos da Independência Nacional enalteceram, ontem, em Luanda, a iniciativa do Presidente da República, João Lourenço, e encorajam-no a prosseguir com o gesto, de modo que mais angolanos sejam homenageados.

O desejo foi manifestado por diversas personalidades abrangidas na segunda leva das condecorações no âmbito do jubileu da Independência, que terminou, ontem, com a atribuição, pelo Chefe de Estado, de um diploma de mérito, por si assinado, e uma medalha banhada em ouro a mais de 650 personalidades nacionais e estrangeiras, cujos feitos contribuíram, de forma significativa, para a conquista da Independência Nacional, da paz e do desenvolvimento do país ao longo destes 50 anos.

Uma das figuras distinguidas neste dia e que não escondeu a satisfação foi o académico Carlinhos Zassala. "Estou muito satisfeito. Sinto-me muito regozijado com este acontecimento", declarou o psicólogo, visivelmente emocionado. O mesmo sentimento foi manifestado pelo Bispo Gaspar João Domingos, para quem o reconhecimento do contributo da Igreja Metodista em Angola, no quadro das celebrações dos 50 anos da Independência, encoraja a instituição religiosa a continuar com o seu papel no processo de desenvolvimento de Angola. 

Outra personalidade condecorada foi o ex-ministro das Relações Exteriores Georges Chikoti. O antigo chefe da diplomacia angolana felicitou o Presidente da República pela iniciativa e disse haver muitos países que não conseguem realizar um acto desta dimensão. "Este é um acto, para mim, muito importante", frisou. Leonel Gomes, afecto ao partido político PRA-JA Servir Angola, também condecorado, considerou a distinção uma honra para si e disse que a iniciativa do Presidente da República constitui mais um passo para o processo de reconciliação nacional.

Do grosso dos cidadãos condecorados, ontem, esteve Marcolino Moco. Em breves palavras à imprensa, o ex-Primeiro-Ministro de Angola, desde 1992 a 1996, definiu a iniciativa como um acto positivo. 

Por sua vez, a antiga estrela do 1º de Agosto e da Selecção Nacional Miguel Lutonda considerou a sua condecoração um estímulo para a nova geração continuar a praticar o desporto, sobretudo o basquetebol, modalidade em que se destacou. "Estou muito feliz por essa homenagem e a mesma espelha tudo aquilo que fiz em prol do basquetebol nacional", aclarou.

A classe jornalística voltou a ganhar destaque na cerimónia de ontem, com a condecoração de vários outros profissionais que se destacaram no exercício da profissão. Foi o caso da veterana jornalista Luísa Rogério, afecta ao Jornal de Angola, título principal da Edições Novembro. Ao reagir à distinção, Luísa Rogério, actualmente presidente da Comissão da Carteira e Ética, considerou o gesto um valor incalculável. "Sinto-me, particularmente, reconfortada e amparada, porque tem a ver com os 50 anos da nossa Independência", ressaltou a jornalista, para quem a condecoração mostra, por outro lado, a importância do jornalismo na sociedade angolana. "Dedico esta condecoração aos meus pais e a todos os jornalistas que fazem por honrar a profissão e que fazem com que nós sejamos tidos e achados numa cerimónia tão significativa quanto esta", acentuou.

Um dos momentos que marcou a cerimónia de ontem aconteceu quando se chamou pelo nome de Luther Rescova. A sala toda aplaudiu, um gesto que demonstrou o reconhecimentos dos presentes aos feitos do ex-líder da JMPLA, braço juvenil do MPLA.Pedro Rescova Joaquim, o irmão que recebeu a medalha em seu nome, disse que a família está muito satisfeita com a condecoração. "Seria bom se ele estive aqui para ver o quanto é amado", frisou.

Figuras ligadas à UNITAmarcam presença no acto

Diferente de muitas personalidades ligadas à UNITA, que optaram pela ausência na cerimónia de condecoração, como foi o caso de Paulo Lukamba Gato, outras figuras do mesmo partido demarcaram-se dessa postura e decidiram comparecer no acto, para serem condecoradas pelo Presidente da República.

Jardo Muekalia dedicou a distinção à esposa Anabela Muekalia. "É graças aos seus esforços, trabalho e conselhos que consegui fazer o que fiz", referiu Jardo Muekalia, para quem é gratificante quando se reconhece o protagonismo daqueles que participaram na edificação de um projecto comum, que é a Nação e o Estado angolano.

O antigo representante da UNITA em Washington encorajou o Governo a continuar a desenvolver esforços no sentido de viabilizar o bem de toda a família angolana, sublinhando que a reconciliação nacional é um processo, não é um acto nem tão pouco um destino.

Jardo Muekalia aconselhou a juventude angolana a valorizar mais as coisas que dizem respeito à Nação, a abrirem as mentes para abraçar, não só a diversidade política, mas, também, social e cultural.

Outra figura ligada ao maior partido da oposição que compareceu na cerimónia de condecoração foi o deputado Jorge Vitorino. O parlamentar disse que esta condecoração representa, para ele, um sentimento de gratidão e motivação para as tarefas que realiza. Sobre a ausência de muitos colegas do partido no acto, Jorge Vitorino disse ter comparecido na cerimónia por se tratar de um mérito pessoal. "Por isso, decidi vir receber a medalha que me cabe por honra de vida", aclarou o deputado da Bancada Parlamentar da UNITA.

Sebem emocionadocom a condecoração          

Um dos momentos marcantes da cerimónia de outorga das medalhas, ainda no período da manha, foi protagonizado pelo músico Sebem, que, emocionado com a distinção, quebrou o protocolo, abraçando o Presidente da República, num gesto que simbolizou gratidão pela sua condecoração. Sebem, que se locomove, actualmente, em cadeira de rodas, em consequência de uma doença que o deixou paralisado, é um dos impulsionadores do estilo Kuduro em Angola. 

Lindo Bernardo Tito alerta para o perigo das ausências

O jurista Lindo Bernardo Tito, também condecorado, ontem, chamou atenção para o perigo que as ausências em actos promovidos pelo Estado podem causar. Lindo Bernardo Tito disse que, do ponto de vista de um país como Angola, que ainda tem traumas por curar, cada gesto que um político poder dar será melhor para a reconciliação nacional. "Afastar-se de um cenário como este transmite, do ponto de vista político, uma mensagem que pode não ser muito bem digerida por outra parte", alertou.

Para o jurista, um partido que aspira ser Governo tem de ter capacidade para criar pontes e manter relações saudáveis pessoais e institucionais. "A mensagem que fica é a de que, se num acto como este, de nobreza, não participa, imagina o que fará quando assumir o poder?", questionou.

Em relação à sua condecoração, Lindo Bernardo Tito disse tratar-se de um reconhecimento que não esperava. "Afinal, há quem acompanha e sabe do que temos feito pelo país", destacou.

Quem também criticou a as ausências de figuras ligadas à UNITA na cerimónia de condecoração foi o político Ndonda Nzinga. O ex-porta-voz do partidos dos "Irmãos", também condecorado, desaconselhou o que chamou de política de cadeira vazia. "Eu recomendo para aqueles que estão o optar pela política de cadeira vazia que não é aconselhável, porque o radicalismo doentio não leva a lado nenhum. Temos que saber fazer a destrinça das coisas. Aqui é uma questão de patriotismo, do Estado e não uma questão partidária", aclarou Ndonda Nzinga.