qui, 19 set 2024
Internacional

João Lourenço viajou para a RDC para solidificar acordo de cessar-fogo e encontrou-se com o Presidente Félix Tshisekedi

O Presidente da República, João Lourenço, viajou esta segunda-feira para a Republica Democrática do Congo (RDC), onde se encontrou com o Presidente Félix Tshisekedi para falarem sobre o acordo de cessar-fogo assinado no mês passado, sob mediação angolana. A visita de João Lourenço faz parte dos esforços diplomáticos que visam garantir o cumprimento do novo acordo de cessar-fogo, assinado a 30 de Julho último, em Luanda, entre a RDC e o Ruanda.

Na véspera, João Lourenço assistiu em Kigali à investidura do reeleito presidente ruandês, Paul Kagame, com quem se encontrou à margem da tomada de posse, abordando temas como a cooperação bilateral e a atualidade africana, particularmente a relação entre o Ruanda e a RDC.

No seu primeiro discurso oficial, depois de tomar posse para um novo mandato de cinco anos, Kagame agradeceu aos presidentes de Angola,  João Lourenço, e do Quénia,  William Ruto, pelos esforços em prol da paz, salientando que esta é uma prioridade para o Ruanda, e que todas as partes envolvidas têm de dar passos nesse sentido.

Antes desta visita, João Lourenço, enquanto mediador da União Africana (UA) no conflito, conversou por telefone com Kagame e com Tshisekedi sobre a consolidação do processo de paz e encontrou-se em Luanda na semana passada com o homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa.

 A RDC acusa o Ruanda de apoiar o movimento rebelde M23, para se apoderar dos recursos minerais do Leste do país, enquanto o grupo armado alega estar a defender uma parte ameaçada da população tutsi que vive na província do Kivu-Norte.

Na passada terça-feira, Félix Tshisekedi, acusou o antecessor, Joseph Kabila, de preparar uma "insurreição" e de coordenar ou pertencer à Aliança Francesa do Congo (AFC), um movimento político-militar que inclui o Movimento 23 de Março (M23).

"A AFC é ele", assegurou Tshisekedi, sem dar mais pormenores, nesta entrevista concedida à rádio congolesa Top Congo, na Bélgica, onde se encontra para tratamento médico, e publicada pela Presidência da República Democrática do Congo na sua conta na rede social X.

O M23 é um dos mais de 100 grupos armados ativos no leste da RDC, região muito rica em ouro, metais raros fundamentais às maiores tecnológicas mundiais e vários outros recursos minerais.

A Aliança Rio Congo, movimento político-militar que integra grupos armados como o M23, felicitou na quinta-feira todos os intervenientes que procuram uma resolução pacífica da crise no leste da República Democrática do Congo, depois do anúncio de um cessar-fogo entre o Ruanda e a RDC, mas avisou que não está "automaticamente vinculada às conclusões de reuniões para as quais não foi convidada", reclamando o diálogo direto com o Governo de Kinshasa. 

Conferência Episcopal Nacional do Congo apela ao respeito pelo cessar-fogo.

Os bispos saudaram o acordo como "um pequeno passo em frente", mas fizeram notar não ser o primeiro acordo entre os governos da RDC e do Ruanda que foram violados sem qualquer sanção.

A Conferência apelou os dois governos para que respeitem o acordo e pediram aos parceiros internacionais que "mostrem a sua solidariedade apoiando uma aplicação efetiva do roteiro de Luanda" Os líderes da Igreja católica da RDC lamentaram que até agora a guerra no leste do país não tenha sido considerada uma prioridade como as guerras na Ucrânia e em Gaza.