O novo líder da sociedade tradicional Bakama, Manuel Lola, recebeu, sábado, no morro do Tchizo, a governadora da província de Cabinda, Suzana de Abreu. Sem prestar declarações à imprensa, a governadora manteve uma breve conversa, à porta fechada, com o novo líder dos Bakama.

Durante a visita, foram entoadas canções e danças típicas da sociedade Bakama, tendo culminado com oferenda simbólica de alguns produtos alimentares e vestuário.

À margem do encontro, Manuel Lola considerou  relevante a visita da governadora de Cabinda, uma vez que o líder do poder tradicional do Tchizo, também conhecido por Ntoma-Nsi, é representante dos Bakama a nível da província de Cabinda.

Para o representante do poder oculto, é fundamental que os Bakama sejam valorizados, pois estes têm a capacidade de influenciar na boa ou má governação e proteger a entidade governante local.

"A governadora deve valorizar os Bakama e atender as nossas preocupações, para que lhe possamos dar a força de governar melhor, com o foco na resolução dos problemas do povo”, disse.

Na ocasião, Manuel Lola apelou à sociedade para o respeito à tradição, tendo lamentado que tem constatado muita banalização em torno dos Bakama.  O líder tradicional alertou que o desrespeito ao lugar sagrado do Tchizo pode levar a pessoa à demência ou mesmo à morte.

 "Vamos cortar todas as excepções, inclusive ninguém mais poderá filmar com o telefone um membro dos Bakama, sob pena de pagar uma multa de 50 mil kwanzas. Apenas os órgãos de informação oficiais locais poderão fazê-lo”, alertou.

O secretário provincial da Cultura em Cabinda, Ernesto Barros André, informou que o seu gabinete tem em carteira um projecto para a construção de uma vedação de estrutura definitiva, no sentido de proteger a principal área sagrada da tradição local.

Sobre o novo líder dos Bakama, Ernesto Barros André disse que o seu perfil se enquadra, porque passou por um processo de avaliação rigoroso de três anos e a aprovação foi unânime no seio dos Bakama. O secretário da Cultura informou, ainda, que a liderança dos Bakama é vitalícia, caso não viole as regras sagradas impostas pela comunidade.

A cerimónia de saudação contou com a presença de várias entidades da governação local, secretários provinciais, magistrados do Ministério Público, órgãos de Defesa e Segurança e autoridades tradicionais.