Tiroteios e explosões abalam Bamako, capital do Mali
O dia começou com tiros e explosões em Bamako, capital do Mali. “Homens armados, que ainda não foram formalmente identificados, atacaram esta manhã pelo menos um acampamento da gendarmaria em Bamako”, disse um oficial da gendarmaria. Mas o exército do Mali afirmou, entretanto, que tem a situação controlada. “Hoje de manhã cedo, um grupo de terroristas tentou infiltrar-se na escola da polícia militar de Faladie”, declarou o exército nas redes sociais. “A situação está sob controlo”.
As informações recolhidas localmente referem que homens armados atacaram um quartel militar na capital do Mali, Bamako, na manhã desta terça-feira, onde se ouviram tiros e estrondos e levaram ao encerramento do aeroporto, informaram as autoridades, a AFP e testemunhas.
“O aeroporto de Bamako está temporariamente encerrado devido aos acontecimentos”, declarou um responsável aeroportuário, sem indicar a duração desta medida.
Os tiroteios de intensidade variável, intercalados por explosões, começaram por volta das 05h00 (locais e GMT), noticiou a AFP. Ao amanhecer, via-se fumo negro a subir de uma zona próxima do aeroporto. Uma testemunha informou que estava presa com outros fiéis numa mesquita perto da zona do tiroteio, à hora da primeira oração da manhã.
O Lycée Liberté emitiu uma mensagem anunciando que permaneceria encerrado “devido a acontecimentos externos”. E os funcionários da ONU também receberam uma mensagem ordenando-lhes para “limitarem os seus movimentos até nova ordem”.
O Mali, um país pobre e sem litoral que enfrenta a propagação do jihadismo e uma profunda crise multidimensional desde 2012. O país teve duas sublevações nos últimos anos, em agosto de 2020 e maio de 2021. Desde então, tem sido governado por uma junta militar liderada pelo Coronel Assimi Goïta. Os seus vizinhos, o Burkina Faso e o Níger, também viram as suas forças armadas tomar o poder pela força.
O Mali continua a sofer ataques, mas a capital tem sido poupada.
Desde 2022, os militares no poder romperam a aliança de longa data do Mali com a França e os seus parceiros europeus para se virarem militar e politicamente para a Rússia.
Intensificaram os seus actos de ruptura, expulsando a missão Minusma da ONU e denunciando o acordo assinado em 2015 com os grupos independentistas do Norte, que era considerado essencial para a estabilização do país. Juntamente com os regimes militares do Burkina Faso e do Níger, fundaram uma Aliança dos Estados do Sahel há pouco mais de um ano e anunciaram a sua saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), acusada por eles de ser subserviente à antiga potência colonial francesa.
Grupo ligado à Al-Qaeda reivindica ataque
Um grupo ligado à Al-Qaeda afirmou estar por trás do ataque matinal na capital do Mali, Bamako.
Homens armados atacaram uma escola de treinamento militar e outras áreas da cidade, disseram as autoridades, culpando “um grupo de terroristas” pelo ataque.
O grupo jihadista Jama'at Nusrat al-Islam wal Muslimin (JNIM) assumiu a responsabilidade, dizendo que havia causado pesadas perdas humanas e materiais.
O ataque foi o primeiro do género a atingir Bamako nos últimos anos. Antes de terça-feira, a cidade havia evitado amplamente a insurgência islâmica que assolou o Mali por mais de uma década.