sex, 18 out 2024
Política

Agora é oficial, Casa Branca confirma data da visita de Joe Biden a Angola

De 13 a 15 de outubro, o Presidente dos Estados Unidos viajará para Luanda, onde se encontrará com o Presidente João Lourenço para debater o aumento da colaboração entre os dois países, nomeadamente o fortalecimento das parcerias económicas que "mantêm as nossas empresas competitivas e protegem os trabalhadores", foi anunciado em comunicado da Casa Branca.

Nessa altura, disse ainda o comunicado, será celebrado "um projeto de assinatura da Parceria do G7 para Infraestrutura e Investimento Global (PGI), que expõe a nossa visão conjunta para a primeira rede ferroviária transcontinental de acesso aberto em África, que começa no Lobito e, finalmente, ligará o Oceano Atlântico ao Oceano Índico".

Para os EUA, a assinatura da parceria destina-se a fortalecer a "democracia e o empenhamento cívico, intensificando a ação climática e transição para a energia limpa, e melhorando a paz e a segurança".

Ainda segundo o comunicado, "a visita do Presidente Biden a Luanda celebra a evolução da relação EUA-Angola; sublinha o compromisso contínuo dos Estados Unidos com os parceiros africanos e demonstra como a colaboração para resolver desafios partilhados beneficia o povo dos Estados Unidos e de todo o continente africano”.

Primeira visita de um presidente dos EUA a Angola

Esta será a primeira visita de um chefe de Estado norte-americano a Angola. A viagem de Biden, ainda que em final de mandato, reveste-se de particular importância política e é uma vitória diplomática do presidente angolano, João Lourenço, que tem vindo a implementar uma estratégia de aproximação aos Estados Unidos, ao mesmo tempo que deixa esfriar as relações com a China.

A estratégia diplomática de João Lourenço passa por evitar que o país tenha uma excessiva dependência económica de Pequim, abrindo portas a outros parceiros estratégicos, como os EUA e outros países ocidentais. Por outro lado, Washington está envolvido numa competição com a China e a Rússia pela influência política e económica em África.

Final de mandato retira importância à visita

Contudo, a visita de Joe Biden a Luanda não significa que os EUA vão intensificar automaticamente o investimento económico em Angola, porque o país não tem um historial que ofereça muita estabilidade e segurança aos investidores estrangeiros.

Politicamente, embora seja uma importante vitória diplomática de João Lourenço, a visita poderá perder algum significado porque Biden está em fim de mandato e uma eventual eleição de Donald Trump em novembro poderá significar que Angola fique para trás e a visita resulte, a prazo, num fracasso, porque o que Biden disser agora não será necessariamente o que Trump fará no futuro.

 

Guerra-fria entre Washington e Pequim com Angola no meio

Nas últimas semanas, João Lourenço tem vindo a dar sinais de aproximação a Washington, ao mesmo tempo que tem afrontado a China. Começou por cancelar a viagem programada a Pequim, onde iria participar no Fórum de Cooperação China - África (FOCAC) que decorreu entre 4 e 7 de Setembro. João Lourenço quebrou a promessa feita a Xi Jinping de marcar presença no evento e a sua ausência deixou os chineses perplexos e irritados.

No mesmo, Angola anunciou que vai receber, em 2025, a Cimeira de Negócios Estados Unidos-África. O entendimento que confirma a realização deste encontro de alto nível foi assinado por Agostinho Van-Dunem, embaixador de Angola nos EUA, e Florizelle Liser, presidente do Corporate Council on Africa (CCA).

A guerra-fria entre os EUA e a China, tendo Angola no centro da disputa, confere um maior peso a este país enquanto potência regional. Os EUA apostam na reabilitação do Corredor do Lobito que ligará Angola, a República Democrática do Congo e a Zâmbia aos mercados globais.